Antes de falarmos sobre o conteúdo do livro, eu gostava de saber como você chegou a este projeto. [...] Eu terminei de escrever meu primeiro livro, Third World Protests Between Home and the World, em 2009, e foi nessa altura que o projeto de lei contra a homossexualidade foi apresentado pela primeira vez no parlamento do Uganda. [...] Eu fui influenciado por Anjali Arondekar, que, em um livro incrivelmente importante chamado For the Record, problematizou essa nossa tendência de resgatar o passado e de instrumentalizar os arquivos como uma espécie de repositório de soluções para os problemas políticos que enfrentamos no presente. [...] Então, eu queria fazer um tipo de trabalho que fosse orientado para o ativismo, mas sem cair nas armadilhas que Arondekar identifica. [...] No livro, você também nos alerta para um outro problema, que é a tendência de romantizar o passado pré-colonial como um período de tolerância sexual. [...] Então, ao aludir a esta questão, eu estava tentando apontar para uma forma mais complicada de pensar sobre normatividade e não normatividade, em vez de assumir que as sociedades pré-coloniais eram paraísos de tolerância. [...] É isso que eu pretendia apontar quando disse que há uma tendência de romantizar o passado pré- colonial nas nossas narrativas ativistas e académicas. Acho que esta é uma das contribuições mais importantes do livro. [...] Acho que comecei pensando sobre o homo-nacionalismo, e a maneira como este tipo de narrativa se manifestava no contexto do Uganda. [...] Uma delas tem a ver com os termos que usamos para falar sobre as sexualidades dissidentes. Este é um longo debate, eacadêmicos e ativistas têm recentemente criticado a transferência de termos ocidentais para o Sul Global, incluindo os próprios termos do acrónimo LGBTQ. [...] Portanto, em vez de invocar o termo perfeito, eu decidi que era mais importante pensar sobre a função que os termos estavam a desempenhar.
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